31 de maio de 2013

EDITORIAL: Para que serve a imprensa em face da desumanidade que nos são impostas?


Por Rogério lima e Alex de Oliveira, redação e narração, respectivamente.

Escrevendo e explicando no Jornal o Estado de São Paulo, que a culpa não é da imprensa, o baiano e imortal João Ubaldo Ribeiro diz o seguinte:

”Os condenados e seus aliados parecem que não se lembram das barbeiragens que cometeram desde que chegaram ao poder. Quem os meteu nessa camisa de 11 varas não foi a imprensa, foram os atos deles mesmos. A culpa não é da imprensa, nem de ninguém, a não ser dos autores e agentes da estratégia. Supondo-se malandros, demonstraram-se otários. Isso certamente é duro de admitir e talvez nunca o seja de todo. Até porque vem aí, depois das sentenças, o processo em que os condenados serão considerados mártires por seus companheiros, serão objeto de apelos internacionais e, enfim, serão glorificados como heróis de sua causa, o que lá venha a ser definido como tal na ocasião. E a imprensa, com toda a certeza, vai ser necessária, para que isso tenha repercussão. A imprensa serve a todos, até mesmo a quem precisa muito de um culpado pelo próprio fiasco.”

                
  AMIGO OUVINTE E LEITOR DESTA OPINIÃO.
                
Já imaginaste o que seria da sociedade se não existisse a imprensa? Certamente que o massacrado e violentado morreria de vez e o opressor escaparia livremente sem que respondessem pelos seus atos de opressão. Pelas práticas de matadores em série como costumeiramente ocorre diante de nossos olhos e de nossa impotência. A imprensa e o jornalismo sério são essenciais para que se equilibrem as relações humanas. O caráter da imprensa diligente é, sem duvida, de instrumento imprescindível para a humanidade. 

Ai de nós se não fosse a mídia militante. Interessada na notícia sim, mas, antes no seu resultado prático e em favor da pessoa humana. Esta que milita, é mais rápida e efetiva que a justiça. Todos a temem. A polícia e os acusados de crimes, o acusador, o juiz e o judiciário, o político, o profissional liberal, o comerciante, enfim, até ela teme a si mesma. Isto porque todos vivem de imagem. Se não fosse a imprensa se mataria mais livremente, se julgaria errado rotineiramente, se acusaria irresponsavelmente, se vendia mais gato por lebre, o político partidarista seria ainda pior do que já se revela ser. 

Imagine os senhores que o profissional da medicina, eventualmente, omita-se na prestação de socorro ou aja negligentemente e sem qualquer perícia, este não temerá de pronto e imediatamente à vara do juiz. Imagine se o amigo leitor e ouvinte chega num hospital numa madrugada qualquer sem os olhos populares e o paciente esteja morrendo e o hospital lhe negue assistência seja por que motivo seja. De imediato e no primeiro momento, nem o advogado, nem o promotor de justiça e nem o juiz poderá agir eficazmente, de modo que a resposta seja ato continuo como o atendimento exige. Mas, as imprensas os colocarão todos sob alerta. Porão os governantes, os administradores, os pacientes e seus acompanhantes familiares ou não antenados na resolução do problema. Se por hipótese a segurança pública policial pretender ceifar uma vida de modo arbitrário e injusto, certamente, que não o farão sob os olhos da imprensa. Repetimos, hipoteticamente, não se afirma nada neste exemplo. A imprensa deve mesmo ter olhos de lince. Para o bem de todos. Para a promoção da paz, inclusive. Em nome disto, a imprensa não deve falhar. Nem na ação inaugural e nem tampouco na derradeira. Nem na ação reparatória e nem na compensatória se é que podemos assim denominar.

Há apenas dois dias passados, assistimos uma cena violadora da dignidade da pessoa humana em pleno meio dia de quarta feira. Num programa semelhante à este, uma ouvinte ao constatar presença de conselheiro estadual de proteção a criança e adolescente, acompanhado de todo corpo de conselheiras tutelares de Itaberaba, contatou o rádio em pleno meio dia, denunciando a falta de médicos no horário referido, quando denunciou a participante que muitos usuários da saúde, principalmente, crianças encontrava-se sem atendimento no Hospital Público Municipal de Itaberaba, o HGI. Em virtude dos médicos terem ido todos almoçarem sem nenhum reversamento. Trata-se inclusive de ocorrência repetida. Certamente, que políticos representantes e fiscais do povo escutaram o rádio. Ao menos alguns ou suas assessorias ouviram. 

Ocorre que estes inertes nada diligenciaram. De modo que agora a imprensa em seu papel de lince que não pode deixar nada passar, também os aponta pelo marasmo, pela incapacidade, pela inércia. Enquanto isto, o cidadão sofre, perece e até morre. Abre-se um parêntese para a seguinte reflexão: VOCÊ SETIRÁ clemência e sentimento de perdão caso se investiguem e comprovem desvios de recursos públicos da saúde para saciar as volúpias dos egoístas? Pensamos que não. Isto também, a imprensa te leva a refletir. Há sim que se refletir e denunciar. Há que se perguntar, ademais, se os conselheiros estadual e municipal adotaram alguma providência. Alguma notificação, autuação, lavratura de boletim de ocorrência contra o diretor do hospital, o secretário de saúde e o chefe do executivo. A propósito quem é o diretor geral do HGI hoje? Uma pergunta barulhenta e que não consegue calar. Nada contra A, B ou C. Mas, sem dúvida, a favor da coletividade e do cidadão.

Estas falhas grotescas e afrontadoras não ocorrem somente na nossa cidade. Existe também nas cidades mais evoluídas estruturalmente. Nos hospitais mais aparelhados. Muitas pessoas morrem em nome de uma coisa vergonhosa chamada de regulação. A imprensa não pode mesmo dormitar. Tem que ficar desperta e acordada diuturnamente. Evidentemente, que a culpa maior são dos municípios que não cuidam e não gerenciam com parcimônia e responsabilidade os recursos que lhes chegam para tratar de nossos doentes. Estas transferências de pacientes dos interiores para os grandes centros potencializa a precariedade tanto na origem quanto no destino. 

Ocorre que a prioridade do homem público não tem sido a vida. Ou seja, a vida dos outros. Do cidadão, da população. Cuidam apenas das suas e dos seus. Preterindo e deixando sucumbir o humilde e o necessitado. Ou até mesmo fomentando perecimento de quem até tenha algum recurso e plano de saúde, porém, não são alcançados por conta da bagunça generalizada que superlotam as casas de saúde e ocupam os profissionais mais referenciados. Só se consegue atendimento digno em nome de uma influencia espúria e imoral. Que se traduz em o amigo do político. Nada de impessoal, nada de acesso justo, nada de humano, nada de digno. Até quando este sofrimento, senhores vermes! Não generalizamos jamais, mas, de igual modo não os apontamos individualmente por serem muitos os indiferentes com o seu papel. Saibam, porém, que as imprensas não arredarão pé de expô-los, de apontá-los, de adverti-los. De avisá-los de que o mal pode ricochetear e retornar ao algoz com uma força descomunal e aterradora. Data vênia.





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