Protocolado na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) na última terça-feira (24), o requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), proposta pelo deputado Uziel Bueno (PTN), que pretende investigar a atual situação dos clubes de futebol no estado, depende agora do aval do presidente da Casa, deputado Marcelo Nilo (PDT). Apesar de reunir 24 assinaturas dos parlamentares da Casa – o mínimo era de 21 rúbricas – o colegiado poderá ser vetado pelo chefe do Legislativo. “Vou analisar tecnicamente e politicamente. Vou ver se defiro ou indefiro. Ouvirei o jurídico e os líderes e me comportarei como magistrado. A CPI será analisada com calma, porque tem que ver se tem um fato determinado, já que a Constituição e o Regimento [Interno] dizem isso”, explicou em entrevista ao Bahia Notícias. Questionado sobre quais seriam as condições políticas que estariam em jogo para um possível engavetamento da proposta, já que trata-se da investigação de clubes e entidades relacionadas ao futebol, o chefe do Legislativo afirmou que todas as decisões do parlamento baiano são decididas politicamente. “Eu sou um político. Eu voto politicamente. O regimento diz que você apresenta os requerimentos e o presidente da Casa analisa se tem um fato determinado. Então, vou decidir técnica e politicamente. Aliás, todas as minhas decisões são políticas”, disse. Segundo Nilo, ainda não há previsão para decidir se a CPI do Futebol terá, de fato, os trabalhos iniciados. “Se eu, por acaso, decidir pelo indeferimento, cabe recurso do plenário, e eu respeito a decisão. Agora, eu tenho que ter a tranqüilidade. Por exemplo, a proposta de criação de uma CPI [do Tráfico de Pessoas] feita pela deputada Luíza Maia (PT), eu deferi, mas o líder do governo [Zé Neto], até agora, não indicou os membros. Então, eu tenho que ter a responsabilidade de colocar a Casa à altura do povo. Primeiro: é uma função do parlamento investigar time de futebol? Segundo: tem algum fato determinado?”, questionou.
Perguntado se a relação do presidente do E.C. Bahia, Marcelo Guimarães Filho – um dos possíveis investigados caso a CPI seja implantada – com a empresa Calcio, alvo de uma denúncia endereçada à Procuradoria Geral da República (PGR)sob a acusação de possíveis crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, poderia ser um "fato determinado", Marcelo Nilo afirmou que não há como antecipar antes de analisar o requerimento para abertura da CPI. "Eu vou analisar. Inclusive tenho que ver, eu sou Vitória, mas nesse caso sou presidente da Assembleia e não posso tomar nenhuma decisão na emoção. Primeiro manderei para o Jurídico, e na próxima semana tomarei a decisão", informou.