Os adversários da presidente Dilma Rousseff (PT) mais prováveis em 2014 intensificaram o flerte com aqueles que, além do eleitor, são fundamentais para embalar suas pretensões: os donos do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), não tem passado uma semana sem falar com um grande executivo. Não nega pedidos de audiências em cima da hora e propagandeia seu estado como laboratório de atração de negócios. O assédio a ele se avolumou após as eleições municipais, quando o bom desempenho do PSB o credenciou a encarnar uma "terceira via" em 2014 – contra os tucanos e os seus hoje aliados do PT. Já o senador tucano Aécio Neves (PSDB-MG) tem se concentrado em buscar unidade interna de seu partido. Mas, para não ficar atrás na corrida pelo PIB, usa o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) como avalista junto ao setor produtivo, bancário e da construção civil. O ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) atua da mesma forma. Dono da caneta presidencial, o PT tende a ficar com a maior fatia dos futuros financiamentos, apesar das queixas contra o que chamam de intervencionismo na economia. Atentos a essas queixas, Aécio e Campos se esforçam em ouvir, e replicar, a lógica dos interlocutores. Naturalmente, ninguém revela seus contatos para não os expor a retaliações. Entretanto, a reportagem apurou as recentes conexões de ambos. Campos teve uma conversa com a cúpula do banco Santander, e mantém contato regular com Jorge Gerdau, que preside a Câmara de Gestão da Presidência, e Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez. Na quinta passada (14), o empresário Flávio Rocha, dono da rede de lojas Riachuelo, ofereceu-lhe um jantar em São Paulo para apresentá-lo aos líderes varejistas. É na capital paulista que o "socialista" mais tem desembarcado para reuniões dessa natureza. Aécio, que governou Minas Gerais por dois mandatos, tem boa relação com Gerdau, Andrade e Luiz Nascimento, da Camargo Corrêa, e é próximo de Robson Andrade, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Via caciques tucanos, tem pontes com Roberto Setubal, do Itaú, e com a cúpula do Bradesco. Setubal foi um dos banqueiros que procuraram Campos após as eleições de 2012. A exemplo de Gerdau e outros, Marcelo Odebrecht, da empreiteira baiana que leva seu sobrenome, tem laços com todos os lados. Próximo a Aécio, o empresário tem se aproximado também de Campos, e celebrado diversos contratos para obras no estado.