5 de agosto de 2013

Uma potência continental e suas riquezas inacessíveis.


Por Rogério Lima.   
Em 04/08/2013

"Na falsa democracia mundial, (em que inclui a brasileira), o cidadão está à deriva, sem a oportunidade de intervir politicamente e mudar o mundo. Atualmente, somos seres impotentes diante de instituições democráticas das quais não conseguimos nem chegar perto." José Saramago.


Brasil, uma nação de dimensões continentais. Grande produtor de grãos e de alimentos. Detentor de conhecimento científico e de riquezas naturais grandiosas. Na outra ponta, sem acesso a tais riquezas, o esfomeado, o excluído, o preterido, o ser humano. Este padece de discriminação e de indiferença recorrentes. De modo que não fazem jus com igualdade de condições e de direito, do que registra a carta política 1988. Documento de valor inestimável e que prima pelos pilares da soberania, cidadania e dignidade da pessoa humana, (art. 1º, I, II, III). Expresso que vai mais adiante declarando como objetivo primeiro e fundamental, além da fiel construção de uma sociedade livre, justa e solidária, com o compromisso com a erradicação da pobreza e da marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e regionais, (Art. 3º da magna carta). Os fazedores ou constituintes da Lei Maior negligenciaram de grafar no texto constitucional, que para a concretude disto, a iniciativa pública empreenderia todas as forças, sob pena de crime de lesa pátria e de afronta a dignidade de muitos de seus humanos. Grafando inclusive cláusula penal duríssima contra os violadores e violentadores da vida.

Convido-o, amigo leitor, para pensarmos um tanto acerca destas farturas disponíveis somente para alguns privilegiados, sem nenhuma primazia à uma imensa maioria faminta e sedenta, desde do mero alimento que sacia a fome ao mais elementar conhecimento e saber. É corriqueiro usar as estatísticas como alento, quando se constata que morrem no mundo cinco pessoas a cada segundo de fome ou por causa desta. No Brasil ainda sofre do mal da fome mortal mais de 18 milhões de filhos da Pátria, não por falta de comida, mas, por falta de acesso ao alimento existente. As estatísticas só se inverterão a partir do que se fizerem, na sua comunidade, no seu estado federado, na sua nação, refletindo em todo o mundo. Se a saúde brasileira vai muito mal à nossa da comunidade, poderia está melhor, inclusive, em seu caráter de medicina preventiva. As riquezas brasileiras não alcançam, efetivamente, os humildes, os subjugados, os sem defesas e aos muitos que sucumbem por consequência ou causa da fome, sem poder ingeri-la mesmo sabendo que a produção de alimentos é superior e em porção dobrada aos residentes no País. Médicos clínicos e psiquiátricos já constatam em muitos casos, que usuários de cracks e outras drogas letais, se apresentam em inúmeros casos como, mentalmente, loucos, padece na verdade é do mal da desnutrição e da fome e não de patologia cérebro-mental.

Como canta os Titãs, a fome não é somente de comida, mas, de proteção, de diversão, de arte e de saber. Fome de preparação e de oportunidade. Faltas que decorrem da desigualdade. Não podemos julgar igual, uma nação em que uma jovem doméstica que se esforça dias a fio, lavando, passando e ralando para perceber em trinta o que uma jovem similarmente trabalha para receber em um único dia, eventualmente, vendendo duas ou três vezes o corpo em algumas horas de sexo. Prostituição ou profissional do sexo, ambas compromete a dignidade de seu praticante. Será que os homens políticos responsáveis pelo gerenciamento público avaliam as consequências de vossas omissões, inoperâncias, indiferença para com o outro? Será que eles compreendem que vossas frouxidões e descuidados são que geram mazelas sociais de toda ordem? Evidentemente, que se eles não vivem crise de consciência, devem viver de egoísmo, de espírito opressor, das ganâncias sem limites. Fato patente e contra o qual não existem argumentos incontestáveis.

Diametralmente, vivemos forte produção de riquezas, mas, que não estão acessíveis à todos ilimitada e isonomicamente. Pois o que vemos é a morte tragar à muitos diante de nossas mãos impotentes e que padece de apatia e da falta de firmeza solidária. Apressamos em apontar os partidaristas inertes, ainda que pertinentemente, mas nada fazemos concretamente pelo irmão na medida em que a emergência exige. Às vezes somos grosseiros com os pedintes que roga por um real para o pão ainda que seja para o crack. Desferimos críticas imbecis de que já vai o ladrão, o viciado, o não sei o que comprar droga. Onde já se viu! A tua lucidez que permite colocar o dedo nas feridas expostas dos subjugados não faculta à estes sem chances fazer ponderações. Onde já se viu quem não tem a garantia do amanhã pensar concatenada e razoavelmente. Não esperemos isto, amado leitor, distinto analista desta conversa. Se nós que nos encontramos em posição de privilégio, alimentado, lúcido e confortável, normalmente, não possuímos paciência e solidariedade que deveríamos, imaginem os viciados apontados impiedosa e, impacientemente, por nós e pela nossa canalhice. 

Há que se falar também, que nem todos os infratores são por exclusividade, responsáveis por atos delituosos. Sem dúvida, que o agente político corrupto e que desvia a verba de drogados doentes, dos sem empregos e dos sem educação e saúde, são criminosos tubarões e de grande magnitude. Por conseguinte geram estragos abissais na sociedade. De modo que suas práticas malévolas causam mortes em série, provocam desajustes de difícil conserto, senão incorrigíveis. 

É comum os políticos elegerem ou se esconderem por trás da desculpa da burocracia no sistema público. Muitos nem conseguem disfarçar vossas subserviências e fidelidade ao rei, ao chefe, ao dono de suas ideias e de sua honra descaracterizada pela própria aquiescência e consentimento dos vendidos. São amantes do poder e recebem estímulos condenáveis e imorais, quando não estão submersos até a alma com a ilegalidade e a ladroagem do corrupto ativo. De maneira que não existe um sem o outro. Não haveria corruptor se não houvesse quem se vendesse. O que estes não sabem, é que coziam como sapo em água fervente. Esperando, esperando o momento que nunca chega para sua libertação de escravidão voluntária, da mesma forma em que não chega também, a liberdade dos afrontados que sofrem escravização involuntária e que não se consegue por conta e vontade própria se libertarem. Para os escravos por opção, que lamentavelmente, são maioria na classe política, e que há muito perderam sua independência e dignidade, o poeta Cuiabano Manoel de Barros lhes dizem QUE LIBERDADE ACHA JEITO. A situação urge para que estes libertem para que tenha capacidade de livrar e libertar outros escravizados. Todavia, a ação deve ser rápida, antes que seja muito tarde e muitos continuem a morrer por falta de diligencia e cuidado do homem político partidarista. Do homem burocrata e sem sentimento humano. Seres (políticos) que distanciam o cidadão comum, marginalizado e famintos da riqueza que lhes pertencem por direito, por consórcio popular e por dádiva natural. 


Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário