Por Rogério Lima e Alexsandro de Oliveira, Redator e Voz,
respectivamente.
A respeito
da injustiça, esta é cometida de duas formas: pela violência e pela fraude. Uma
diz respeito à raposa, outra ao leão. Todas duas são indignas do homem, mas a
fraude é a mais desprezível. De todas as injustiças a mais abominável é a
desses homens que, quando enganam, procuram parecer homens de bem!
Túlio Cícero – Orador – advogado
e filósofo romano.
Por mais que tentemos, não conseguimos nos desvencilhar dos assuntos enjoativos do qual não se pode furtar este opinativo, que é tratar do político partidário. Se formos falar das leis e dos cipoais de normas que tentam em vão regular a vida, encontramos no legislador um político. Que deve ou ao menos deveria editar regras para o bem comum do administrado, do povo enfim. Se a saúde não nos alcança da forma e maneira que gostaríamos, temos que entender que mesmo antes ou após uma eventual decisão judicial, quem deve diligenciar e providenciar atendimento por excelência ou ao menos razoável é o político. Ainda que sob vara ou mandamento de um juiz surge-se ai novamente a figura do político. Este é executor, quando se refere aos atos do executivo. Até o eventual mandado contra quem deve ser submetido o fazer, ainda que passivamente, presente outra vez o político. Se o emprego não chega à ponta, alcançando e suprindo a necessidade laboral do desempregado, desnecessário indagar de quem seja a responsabilidade primeira pela criação do trabalho e da atividade laboral. Pois, indubitavelmente, é atribuição do político escolhido em processo eleitoral fomentar a criação do trabalho e da renda.
Contudo, ainda, se a bala perdida, certeira ou intencional faz tombar o ser humano, direta ou indiretamente, tal insegurança pública inevitavelmente é de responsabilidade do político partidário, quando este não trabalhou sem dormir contra as estatísticas mortíferas. Quando negligenciou no exercício missionário de sua função fundamental.
A rigor, se tivéssemos tempo, passaríamos horas a fio a enumerar a presença destes homens tão importantes para a coletividade. Apenas para demonstrar, insistentemente, a importância destes instrumentos para uma sociedade, para uma comunidade. Uma democracia faz-se essencial com homens políticos na sua mais integral acepção da palavra. Contrariamente, sabe-se que existe a politicagem, a politicaria, a política corrosiva e corrupta. Destas modalidades o cidadão necessita repulsar. Aprender a rejeitar.
Pois bem.
Porque que ainda assim, estes procuradores do povo não cumprem a risca a atribuição com as quais lhes são confiadas? Por qual motivo descura e mitiga o seu mister e a sua função fundamental para o bom e próspero andamento da república? Existem os que até prometem ou efetivam ações judiciais contra quem lhes cobram coerência e labor. Agem contra quem, democrática e coletivamente, os honrou com mandato parlamentar ou gerencial para um município, um estado ou uma nação.
Esbarrando na nossa realidade de casa, de Itaberaba, eis algumas considerações.
Cumpre-nos ponderar ou asseverar porque que os políticos não se respeitam? Porque que a situação não considera e acompanha as ideias e os projetos que almejam concretizar a oposição? Será que nada serve, será que todas as ações destes são imprestáveis? É mesmo verdadeira a afirmativa de que os políticos são incoerentes e indiferentes à implantação das políticas públicas? Senão contrários, estes nos traduzem serem adeptos da cultura do tanto faz, defendendo o seu é o que importa.
Uma parte sequer disfarça o comportamento deletério, outros teatralizam preocupação que de fato não existe. Apenas alguns poucos, são sinceros e detentores de boa intenção. Ainda que de voto vencido ou tratorado por uma maioria insana e inconsequente. Com raríssima exceção. Vale acrescentar que não há democracia com parlamento e governantes em número, desarrazoadamente, desproporcional em relação ao opositor. Ou seja, câmaras, assembleias e congressos deveriam se ter equilibradamente sempre cinquenta por cento e mais um e não noventa contra dez como vemos no caso de Itaberaba. Tal desequilíbrio é nocivo à população, a coletividade. Desproporção viciante e tendente a uma representação fraudulenta e vendida. Falamos em tese, ainda que não se descarte a mera coincidência com a verdade.
Assim vai seguindo, tortuosamente, a humanidade política, ocupada somente com eleição ou reeleição. Por vezes sua própria, noutras apoiando a escolha de outros partidaristas. Políticos pequenos e que se diminui quando se autodenomina de cabo. Cabo eleitoral. Quem se posiciona no cabo, pouco ou nenhuma importância tem.
Diante de tais constatações situa-se o cidadão sem entender e nem compreender os absurdos da política pensada para dentro e não para fora. Articulada e organizada em benefício de poucos e em prejuízo da maioria que continua servindo somente para contratar errado e assistir os contratados violarem, descaradamente, as cláusulas e regras avençadas quadriênio em quadriênio. Ainda com as pausas vergonhosas para renderem apoios a deputados, governadores e até ao dirigente da nação. Ou seja, gastam e ocupam todo o tempo realizando eleições. Enquanto pessoas sofrem, morrem, padecem e se frustram com os pseudos homens de bem e de mentirinha que tão bem definiu a epígrafe, da lavra de Túlio Cícero, reproduzida no início desta opinião. Vale repetir ao menos a parte final:
A fraude é a mais desprezível das violências. De todas as injustiças a mais abominável é a desses homens que, quando enganam, procuram parecer homens de bem!
Respeitemos todos uns aos outros, para que haja avanço, desenvolvimento e honestidade.
Por último, que não prevaleçam impunemente nem os santos e nem os demônios da política. Estes jamais escaparão da crítica mordaz e observadora da imprensa que insiste em enxergar conserto, ainda, que a fumaça negra dos ventos contrários nos cegue a visão. Apressemos todos antes que seja tarde demais.