Na pele de professor Raimundo, Chico Anísio encerrava o quadro da
escolinha com um gesto e um bordão. Apertando o indicador contra o
polegar, exclamava: ‘E o salário óóó…’ De fato, quem vive de dar aulas
no Brasil está condenado ao fim do mês perpétuo. Manuseando dados do
censo do IBGE, os repórteres Antônio Gois e Demétrio Weber constataram:
entre os profissionais com curso superior, os que se dedicam ao
magistério continuam sendo os que recebem os contracheques mais miúdos.
No ensino fundamental, a renda média de um professor equivale a 59% da
remuneração paga aos demais profissionais com canudo universitário. No
ensino médio, os professores recebem salários 72% menores. Como se vê,
as estatísticas provam: países também se suicidam. Se é verdade que o
futuro de uma nação depende da educação, a análise sobre os rumos do
Brasil exige um certo distanciamento. Que começa na Idade da Pedra.