O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante,
pediu, neste domingo, a renúncia imediata do senador Demóstenes Torres
(DEM), investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento
em esquema de exploração ilegal de jogos de azar em Goiás. Para
Cavalcante, Demóstenes vive uma situação "mortal" para um político e não
tem outra saída a não ser a imediata renúncia ao mandato, considerada
por ele uma "atitude moral".
Demóstenes foi flagrado em negociações com o contraventor Carlos Augusto
de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O senador recebeu um ultimato
do DEM e deve ser expulso do partido até a próxima terça-feira. Neste
final de semana, Demóstenes tem se reunido com assessores. Até ontem à
noite, não aceitava sequer a hipótese de renunciar.
"É
uma medida extrema, pessoal, mas o teor das conversas telefônicas
mantidas com o empresário Carlos Ramos, divulgadas pela imprensa,
evidenciam uma situação mortal para qualquer político", disse Ophir
Cavalcante ao jornal O Estado de S. Paulo. "A gravidade das denúncias
por si só recomendam uma atitude moral. Continuar no cargo significa
expor-se cada vez mais e ao seu partido", acrescentou o presidente da
OAB.
Ao cobrar uma solução rápida para o desgaste que o
envolvimento de Demóstenes com corrupção expõe o Congresso Nacional,
Ophir Cavalcante insistiu em que a renúncia ao mandato não impedirá a
defesa de Demóstenes Torres, e caberá à Justiça decidir sobre sua
inocência ou não.
No ano passado, Demóstenes escreveu o
prefácio de um livro lançado pelo presidente da OAB sobre a lei da Ficha
Limpa. O senador, que foi relator do projeto de lei, destacou que a
sociedade brasileira "não admite que os destinos da nação possam ser
geridos por representantes que não possuem conduta adequada à dignidade
das relevantes funções públicas".
Procurador de Justiça
licenciado e senador há nove anos, Demóstenes começou a cair em desgraça
em fevereiro, pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que apura
esquema de exploração ilegal de jogos de azar em Goiás. Carlinhos
Cachoeira está preso desde o dia 29 de fevereiro. Outros seis
parlamentares estão envolvidos em negociações com o contraventor.