O Hospital Aristides Maltez, unidade especializada em câncer na Bahia, pode
fechar em no máximo 30 dias, segundo o diretor da unidade, o médico Aristides
Maltez Filho. Segundo Maltez, a Secretaria Municipal de Saúde tem dívidas com a
unidade que, somadas, ultrapassam os R$ 13 milhões. Em contrapartida, a
Secretaria Municipal da Saúde (SMS) alega que o hospital atende um número maior
do que o contrato prevê e diz que buscará aumento de verbas com o Ministério da
Saúde.
"O que acontece é que o último convênio assinado com a prefeitura foi
encerrado no dia 31 de dezembro e a Liga Bahiana Contra o Câncer, que
administra a unidade, se recusa a assinar o novo contrato proposto que, além de
não citar as dívidas já pendentes, prevê uma verba mensal de cerca de R$ 6,294
milhões, quando nós precisamos de R$ 7,600 milhões para manter o hospital
funcionando", diz Maltez Filho.
Segundo ele, a elevação na folha se dá pelo pedido de aumento nos números de
atendimentos em média e alta complexidade, além do aumento nas verbas para
atendimentos do setor de oncologia, responsável pelas sessões de quimioterapia
nos pacientes.
"Hoje nossa ala de oncologia passou por uma reforma e ampliação, feita
com fundos arrecadados de doações. A ampliação foi importante porque antes
disso o tempo de espera de um paciente entre a primeira consulta e o primeiro
ciclo de quimioterapia passava dos 90 dias. Hoje esse tempo foi reduzido a, no
máximo, 20 dias. O que a Secretaria não entende é que estamos lidando aqui com
pessoas portadoras de câncer, uma doença que é totalmente curável, desde que
seja diagnosticada e tratada em tempo, ou seja, se eu não atendo meu paciente
com o tempo que o tratamento requer, eu posso perdê-lo para uma doença, repito,
curável, mas que pode matar se não formos rápidos", salienta Maltez.
De acordo com as informações da direção da unidade, o
Aristides Maltez fez 9,5 mil cirurgias em 2011, atendeu a 11.400 mil pessoas,
com 169 mil aplicações de radioterapia, em 21.200 mil ciclos de quimioterapia.
Cerca de 143 médicos e outros 943 funcionários trabalham na unidade. O hospital
é filantrópico, financiado com verbas federais, municipais e por meio de
doações de voluntários. "Precisamos refletir que pessoas com câncer são
seres humanos e merecem respeito", salienta o diretor do hospital.