15 de julho de 2013

PMDB admite “coalizão estraçalhada” com PT


No momento mais crítico da aliança PT-PMDB, que elegeu a presidente Dilma Rousseff e sustenta o governo no parlamento, o líder peemedebista Eduardo Cunha avalia que o Planalto está “literalmente perdido no Congresso”. Ele anuncia que a maioria dos deputados peemedebistas é favorável ao rompimento do acordo, mas o partido “ainda” não. “Hoje, o governo finge que tem base e a base finge que é governo”, diz, nesta entrevista exclusiva para o Correio.

A agressividade, entretanto, vem no tom de quem deseja que essa situação seja revista. “Vocês acham que a gente briga para sair, mas nossa briga é para entrar, participar das políticas de governo. Hoje, não temos ministérios, temos ministros”, repisa, em tom de mantra. Ele, entretanto, apesar de achar que “não há nada tão ruim que não possa piorar”, prevê uma recuperação da presidente Dilma “Não pense que a Dilma morreu, ela está no segundo turno da eleição do ano que vem. O mundo do governo não acabou, e a recuperação política só depende dela.”

A aliança PT-PMDB atravessa o pior momento. O senhor concorda?

A aliança está mal, parada por vários fatores, mas acho que o mais grave para esse governo é a relação com o Congresso como um todo. O que vemos é uma base parlamentar completamente esfacelada. Havia antes uma discussão sobre os fundamentos da aliança PT-PMDB, dificuldades nos estados, problema de sub-representação, para os quais eu já havia alertado. Da parte do governo, havia uma aversão ao debate e ao diálogo político com os partidos. Depois das manifestações, parece-me que a própria governabilidade entrou em risco. Basta ver o que houve nas últimas votações, por exemplo, dos royalties, em que o PMDB foi muito correto e leal, votando em sintonia com o governo e o PT. Fomos derrotados juntos. A votação foi a fotografia clara de uma coalizão estraçalhada.

Como resolver isso?

Nós não somos o governo, somos o Congresso. Cabe ao governo buscar a saída, que é fazer mais política. Mas não tentando desviar do foco dos protestos e colocando os problemas no colo do Congresso, como na tentativa de plebiscito.

O que é “fazer mais política”?

Tratar das questões como sempre foram tratadas nesta Casa. Sempre afirmei que a articulação política do governo estava equivocada. Sempre houve uma dificuldade enorme de diálogo. E não estou dizendo novidade alguma. Li uma entrevista do ministro (da Educação, Aloizio) Mercadante dizendo a mesma coisa. Há quatro meses, mencionei esses problemas e fui chamado de rebelde. Até usei uma expressão, naquela ocasião: a ampulheta virou, entramos na contagem regressiva para as eleições, quando todos aqui passam a viver a síndrome TPE, tensão pré-eleitoral. A antecipação da campanha não foi feita por nós, e sim pelo próprio PT, no começo do ano, com o lançamento da candidatura da presidente Dilma. Quando isso acontece, as pessoas se sentem mais liberadas para expressar opiniões e a pensar no próprio umbigo. Esse quadro, que já prejudicava a governabilidade, foi agravado pelas manifestações e pelas quedas, que considero momentâneas, na popularidade da presidente.




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