Sete meses após votar por unanimidade pelo fim dos dois salários extras pagos ao ano pelo Congresso e criticar em discursos inflamados o benefício, a maior parte dos senadores aceitou embolsar o dinheiro, informa a Folha. O montante, que soma R$ 53,4 mil ao ano, ainda é pago porque a Câmara até hoje não votou sua extinção. Durante a votação no Senado em maio, 15 senadores se manifestaram contra os extras, mas em dezembro só três tomaram a iniciativa de não ficar com o dinheiro: Pedro Taques (PDT-MT), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Os demais ficaram com o 15º salário de R$ 26,7 mil – que, junto do 13º e com o subsídio normal de dezembro, elevou os contracheques do último mês do ano a R$ 80 mil brutos. Ainda de acordo com a Folha, do total de 81 senadores (incluindo os que não haviam criticado os extras), 13 devolveram ao Senado o 15º salário. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que não devolveu o dinheiro, afirmou em maio que "em nome do PT, recomendo o voto 'sim', uma vez que, para o conjunto dos trabalhadores, não há algo dessa natureza". Agora, diz que vai doar o dinheiro para um projeto social. A aprovação da extinção do benefício, em maio, ocorreu em votação simbólica (sem contagem de votos). Na Câmara Federal, o relator, deputado Afonso Florence (PT-BA), concedeu parecer favorável ao projeto que acaba com o 14º e o 15º salários, mas o texto ainda não foi votado.