O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, recomendou nesta sexta-feira (19) aos deputados e senadores que antes do final do ano busquem um acordo para a aprovação de novas regras do Fundo de Participação dos Estados (FPE). Decisão tomada pelo próprio Supremo em 2010 determina que as normas em vigor são inconstitucionais. Dessa forma, não poderão ser aplicadas a partir de 2013.
Na prática, de janeiro em diante, as transferências dos recursos do fundo aos estados serão bloqueadas, caso o Congresso não aprove nova lei.
— Eu formulo votos de que haja uma deliberação no tempo estabelecido pelo STF e assim possamos realmente avançar nesse diálogo institucional. Foi dado esse prazo de 36 meses. Inicialmente a proposta era de 24 meses. Parece-me que seria interessante que houvesse um avanço nesse sentido, se for possível um consenso político em torno da matéria — aconselhou Gilmar Mendes, logo após palestra proferida no encerramento do seminário Desafios do Federalismo Brasileiro, promovido nos últimos dois dias pelo Senado e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no auditório do Interlegis.
A declaração foi dada em resposta a jornalistas que procuravam um sinal do Supremo a respeito de iniciativas como a do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que está sugerindo ao Congresso pedir uma prorrogação das atuais regras por mais dois anos, prazo durante o qual se buscaria um acordo, especialmente na Câmara.
Presente ao seminário, O professor de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp) Sérgio Prado disse ter a impressão de que o STF não vai prorrogar o prazo. E sugeriu que o Congresso trate do assunto com prioridade logo após o segundo turno das eleições municipais. O secretário de Fazenda do Rio de Janeiro, Renato Villela, foi na mesma linha. No seu entender, seria inconveniente o STF dar mais tempo aos parlamentares. Na opinião dele, o Supremo até inovou em estabelecer um prazo para que o Congresso se posicione sobre o FPE.
De acordo com o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Fernando Rezende, o sistema tributário e a distribuição de recursos são muito complexos. Isso motivou os estados a encontrarem caminhos, como a "substituição tributária". A seu ver, dada a importância do assunto, não se deve “empurrar a questão com a barriga”.
- Temos de encontrar soluções – cobrou o economista.