por Raul Monteiro
É por demais injusto culpar o pré-candidato do PT, Nelson
Pelegrino, pela mobilização no seio dos partidos governistas que ameaça
sua hegemonia como nome da situação estadual à sucessão do prefeito João
Henrique (PP).
Iniciada pelo PCdoB, que faz sua convenção este domingo para escolher
Alice Portugal sua pré-candidata à Prefeitura, a agitação já alcança o
PDT, estimula o PTB e agora atrai o PSL, formando o que a imprensa tem
chamado de “bloquinho ou blocão”.
Pelo menos dois outros nomes sobressaem-se no movimento, além do da
própria Alice. São os do pedetista Félix Mendonça Jr. e o do petebista
Antonio Brito, todos com perfeita condição de liderar o grupo como
prefeituráveis.
Por trás das conversas entre os quatro partidos, há um rosário de
queixas que apenas começam com uma alegada dificuldade de Pelegrino em
animar a platéia de qualquer auditório, fato, por si só, perfeitamente
contornável com outras qualidades ou compensações que os políticos
conhecem.
Está na cara que PCdoB, PDT, PTB e, agora, o PSL estão vendo na
atualidade uma oportunidade ímpar para veicular publicamente uma
insatisfação geral contra o governo estadual e o próprio PT, patronos da
candidatura de Pelegrino.
Falta de atenção e de atendimento a reivindicações consideradas
básicas para um relacionamento amistoso com a ala da base em que se
situam as legendas insurgentes tem sido um incentivo constante à
indocilidade delas.
Manter a interlocução com um governo que amarga um desgaste natural
decorrente de sua trajetória e tempo e ainda por cima é acusado de não
olhar para determinados aliados, além de não cumprir acordo, não deve
ser nada fácil.
Pior ainda se é comandado por um partido que, mesmo antes de ser governo, já desejava tudo para si.
Daí o troco num momento mais do que oportuno que, como tudo, vai
passar ou pelo menos tem sua duração marcada pelas eleições, num
contexto em que todas as variáveis podem decididamente fugir ao
controle.